Formulação e Caracterização Físico-biológica de Irrigantes Experimentais à Base de Óleo Essencial de Melaleuca

Resumo

Objetivos: Formular e caracterizar físico-biologicamente irrigantes experimentais de canais radiculares à base de óleo essencial de melaleuca a partir da comprovação da ação inibitória do óleo essencial de Melaleuca alternifolia puro (TTO 100%) perante soluções de hipoclorito de sódio a 2.5% em duas apresentações (comercial e profissional).
Material e Métodos: Foram avaliadas as atividades antimicrobianas de quatro soluções: solução salina, TTO 100% e duas marcas comerciais de NaOCl 2,5% (P-NaOCl 2,5%, de uso profissional; e D-NaOCl 2,5%, de uso doméstico). Halos inibitórios foram medidos com paquímetro digital em ensaio de disco difusão em ágar e a densidade óptica foi obtida em ensaio de microdiluição em caldo. Após análise de variância de um fator (ANOVA) seguida de teste de Tukey observou-se que os maiores halos de inibição foram produzidos pelo D-NaOCl 2,5%, seguidos pelo TTO 100%. Os inferiores foram obtidos pelo P-NaOCl 2,5% e a menor densidade óptica para o TTO 100%, o que comprovou a sua ação inibitória favorável para a formulação de irrigantes experimentais de TTO e as suas caracterizações antimicrobianas e físicas. Em uma segunda etapa, irrigantes experimentais foram formulados em três diferentes concentrações de TTO: 2,5%, 3% e 5%. Para essas microemulsões e seus grupos controles (solução salina e hipoclorito 2.5%) foram avaliados: o potencial antioxidante por meio dos testes DPPH e β-carroteno, formação e crescimento de biofilme de Enterococcus faecalis e sua ação antimicrobiana verificada nos tempos 24 h, 5 e 1 min por contato sobre o biofilme, os pHs, as análises de tensão superficial e UV-Vis.
Resultados: A concentração inibitória mínima do TTO foi de 2,5%, o que viabilizou as formulações estudadas nesta pesquisa. Tanto o TTO quanto as microemulsões mostraram-se irrigantes com potenciais anti-oxidantes no teste β-caroteno, mas o oposto ocorreu para o teste DPPH. As microemulsões de 2,5% e 5% revelaram maior inibição do crescimento de Enterococcus faecalis, exceto a microemulsão de 3% no teste de 1 min de contato com o biofilme. As microemulsões de 3% e 2,5% inibiram o crescimento de forma mais eficaz que o hipoclorito de sódio em 5 min. Depois de 24 h, não houve diferença estatística entre as microemulsões. A maior absorbância foi atribuída à microemulsão de 3%., região próxima do pico dos principais componentes do óleo essencial de melaleuca. Os pHs das microemulsões revelou-se ácido com valor médio de 5.6. Não houve diferença estatística entre as microemulsões para as tensões superficiais A média foi de 42-47 mN/m.
Conclusão: Pode-se concluir que as microemulsões de óleo essencial de melaleuca podem ser potencialmente utilizadas como irrigantes de canais radiculares, porém outros estudos devem ser feitos para garantir a segurança desses produtos quando em contato com a dentina, assim como a efetividade de procedimentos adesivos pós-irrigação com essas substâncias.