Exposição maternal ao veneno de Bothrops jararaca: efeitos na prole de camundongos

Resumo

Objetivo – O veneno de Bothrops jararaca está envolvido em quase 90% dos casos de envenenamento do Estado de São Paulo, Brasil. Pouco se sabe sobre o efeito no desenvolvimento fetal quando no caso de envenenamento materno. Este estudo examinou, em camundongas prenhes e sua prole, os efeitos do envenenamento por uma dose moderada do veneno de B. jararaca (1,2 mg/kg sc no 5° (GD5) e 11°(GD11) da gestação. Métodos – Anotou-se durante a gestação o ganho de peso corporal e o consumo de água e comida materno; no último dia de gestação, as mães foram submetidas a uma cesariana e a performance reprodutiva foi avaliada. Para tanto, anotou-se o peso dos fetos, o número de fetos vivos e mortos, assim como examinou-se a presença de alterações externas, esqueléticas, e viscerais. Resultados –Os resultados mostraram que a injeção do veneno no GD5 não alterou o peso materno, o consumo de água e ração, o peso dos fetos e os parâmetros reprodutivos, tendo sido observada alta incidência de anomalias esqueléticas tais como ossificação do crânio incompleta e cos-telas supranumerárias em relação aos controles. O envenenamento no GD11 promoveu decréscimo na ingestão de alimentos no dia sub-sequente ao tratamento. Neste caso, a prole apresentou alta incidência de anomalias esqueléticas tais como anomalias vertebrais, do esterno e ossificação incompleta do crânio, ou seja, craniostenose. Conclusões – O envenenamento moderado pelo veneno da B. jararaca em camundongas prenhas tanto no GD5 como no GD11 produziram efeitos sutís ao nível materno, porém nos fetos, apareceram severas alterações. Estudos futuros deverão ser feitos para entender os mecanismos subjacentes a este envenenamento durante a gestação.