Especificidade da governança e gestão adaptativas em projetos de recuperação ou preservação de ecossistemas de recursos hídricos

Resumo

Revisão bibliográfica indicou que existem poucos estudos sobre as variáveis que caracterizam a governança e a gestão de redes de projetos de recuperação ou preservação de ecossistemas de recursos hídricos, originando questionamentos sobre a especificidade da governança e da gestão dos projetos locais. Evidências sobre relatórios de pesquisa, documentos oficiais e fontes secundárias em mídia indicam a presença de variáveis tais como quantidade de atores, limite geográfico de atuação, importância da cultura do grupo local, participação dos atores locais como agentes causadores dos problemas nos ecossistemas, ao mesmo tempo em que são descritos como possíveis agentes de solução dos problemas. Poucos estudos na área de administração abordam de forma detalhada as variáveis específicas que influenciam projetos de recuperação ou preservação, especialmente em ecossistemas de recursos hídricos. A revisão bibliográfica e a pesquisa inicial em casos brasileiros revelam que, embora existam discussões sobre gestão e governança, observa-se uma lacuna de pesquisas que considerem as adaptações necessárias para atender às condições específicas desses projetos. Assim, criou-se a proposta da presente tese: a governança adaptativa e a gestão adaptativa de projetos de recuperação ou preservação de ecossistemas de recursos hídricos apresentam características específicas. A especificidade da governança adaptativa e da gestão adaptativa manifesta-se na criação de mecanismos de ações coletivas que incluem a participação da comunidade local; o conhecimento e a cultura de prática local e a gestão da heterogeneidade e assimetria dos envolvidos na tarefa. A gestão adaptativa implica em ações de busca de resultados a partir da governança adaptativa, o que inclui o uso dos recursos dos atores locais. A base teórica de sustentação utiliza os conceitos de abordagem social de redes, governança adaptativa, ecossistemas de recursos hídricos, com seus desafios e gestão em projetos de ecossistemas. Para investigar a tese realiza-se uma pesquisa qualitativa e quantitativa, com instrumentos de coleta derivados do descritivo das variáveis selecionadas a partir da análise da produção acadêmica e gerencial, bem como das fontes secundárias de dados sobre projetos brasileiros de ecossistemas de recursos hídricos. Para a coleta de dados realizaram-se entrevistas com roteiro estruturado aplicados aos sujeitos das redes locais, incluindo os consumidores/beneficiários e organização dos dados de fontes secundárias nacional e internacional. Os dados sustentam a tese de que a governança e gestão adaptativas são componentes essenciais para os projetos de recuperação ou preservação de ecossistemas de recursos hídricos, especialmente quando as ações são moldadas conforme necessidades e especificidades locais. Entre as especificidades que a governança e a gestão adaptativas devem lidar surgiram a inclusão local dos atores, a cultura de prática, a gestão da heterogeneidade, assimetria entre distintos projetos, exigindo um trabalho de integração. Como impacto teórico do trabalho obteve-se um aprofundamento do conceito de governança adaptativa, que tenha lógica e operacionalidade para aplicação nesse campo de sustentabilidade, bem como a compreensão das operações de uma gestão adaptativa. Como benefício metodológico oferta-se uma matriz que sirva de exemplo para aplicação e validação em projetos semelhantes. Como impacto gerencial espera-se que a matriz ofereça um caminho de gestão de projetos locais de recuperação ou preservação de recursos hídricos. Como impacto social e de sustentabilidade espera-se que a tese contribua para o desenvolvimento de ações em projetos voltados à melhoria dos resultados dos ODS 6 – Água limpa e Saneamento; 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis; 12 – Consumo e Produção Responsáveis; 14 – Vida Debaixo D’água; 15 – Vida sobre a Terra e 17 – Parcerias pelas Metas, e melhoria da qualidade de vida dos moradores e frequentadores dos ecossistemas dos projetos.