Maternidade e a viuvez: caminhos que se entrelaçam

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A maternidade é um dos dispositivos mais valorizados pela sociedade ocidental com relação a mulher. Objetiva-se, nesta pesquisa, analisar como viúvas, que perderam seus companheiros de maneira repentina, COVID-19, se percebem. A pesquisa ocorreu com 6 mulheres (30 a 52 anos) com filho menor de 18 anos, em 4 encontros e em uma delas utilizou-se o desenho-estória temático (DET) como disparador dos conteúdos internos que foram analisadas qualitativamente. Das 6 mulheres 5 contam que com a morte do companheiro sentiram uma dor muito grande, sensação de estar sozinha, desorganização do pensamento e até o desejo morrer. Relataram o quanto a vida era melhor com seus companheiros, e associaram a continuidade da vida à presença e responsabilidade para com os filhos. Todas as viúvas relataram a sua vivência de luto, mas que a maternidade foi o esteio para que pudessem dar continuidade a vida. Observa-se aqui que o dispositivo materno predomínio sobre os sentimentos das mulheres, obrigando-as a seguir adiantes com o álibi que precisavam cuidar dos filhos, sublimando sua dor. A maternidade na viuvez fez com que as mulheres direcionassem sua energia psíquica para o que é considerado produtivo, no entanto, foi necessário que elas olhassem para sua dor, redirecionando o sentido da vida não, somente, a maternidade. Possibilitar um espaço de acolhimento às viúvas permite que elas possam elaborar a dor sentida e ampliar a sua capacidade como mulher, permitindo a vivencia de outros papéis.

Palavras-Chave: Maternidade; Viuvez; Luto.