Reprogramação metabólica in vitro potencializa a sinergia entre linfócitos B-1 e macrófagos e aumenta a viabilidade celular
Documento
Informações
Título
Reprogramação metabólica in vitro potencializa a sinergia entre linfócitos B-1 e macrófagos e aumenta a viabilidade celular
Autor(es)
Ana Luiza Gonçalves Valgas
Orientador(es)
Anuska Marcelino Alvares Saraiva
Data de Defesa
20/12/2024
Resumo
A Diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica crônica responsável por milhões de mortes anualmente e, apesar de existir tratamento, permanece ainda sem cura, incentivando diversos estudos, especialmente no âmbito das terapias celulares. A partir da descoberta de que linfócitos B-1 são capazes de produzir insulina e regular a glicemia de camundongos diabéticos, nosso grupo de pesquisa busca meios de viabilizar uma terapia celular a partir dessas células. Dentre os desafios encontrados está a necessidade de co-cultivar os linfócitos B-1 com macrófagos para sua sobrevivência. Inicialmente, estudos mostraram que a IL-6 era responsável por essa dependência, porém temos observado maior sobrevivência de linfócitos B-1 submetidos ao protocolo de reprogramação metabólica (RM) para diferenciação em células produtoras de insulina, mas ainda dependente da presença de macrófagos. Deste modo, no presente trabalho buscamos compreender a influência do protocolo para RM na produção de citocinas e no metabolismo de glicose por macrófagos em culturas de células peritoneais aderentes. Para tanto, foi cultivada a porção aderente de células do lavado peritoneal e, as culturas, submetidas à RM, a partir do cultivo das células em meio suplementado com crotoxina, altas concentrações de glicose e nicotinamida. Após, foram avaliados os macrófagos em relação à captação e metabolismo da glicose, expressão de genes relacionados ao metabolismo da glicose e produção de citocinas, além da quantificação de citocinas no sobrenadante das culturas. Os achados revelaram que nos momentos iniciais da cultura, quando as células foram tratadas com glicose e crotoxina, foi observado ao longo de 72 horas, aumento das citocinas IL-12 e IFN-γ mas também IL-10. Em comparação com o controle, os níveis de TNF-α, MCP-1 e IL-6 estavam mais baixos. Aos 6 dias, sem crotoxina, com nicotinamida e 30mM de glicose, também foi observado menores níveis de IL-6 e TNF-α. Já a expressão genética relativa demonstrou cerca de 3x mais expressão de IL-6 no grupo do protocolo que no controle. Não houve diferença na expressão dos genes sinalizadores da via de produção de citocinas, o MyD88 e o NF𝜿B. A tendência ao aumento da expressão gênica de IL-6 associado aos níveis diminuídos dessa citocina nas culturas, nos fez investigar em linfócitos B-1 a expressão dos genes associados ao consumo dessa citocina. No grupo submetido ao protocolo houve tendência à maior expressão do receptor de IL-6 e STAT3. Ainda, houve aumento da viabilidade e diminuição da apoptose em macrófagos presentes no co-cultivo quando submetidos à RM. Embora a captação de glicose pareceu estar diminuída, assim como a expressão de Glut-1, a atividade máxima das enzimas associadas à glicólise aumentou após o protocolo, enquanto foi observada uma tendência à diminuição da atividade enzimática associada à via das pentoses. Também, todos os genes avaliados associados à via glicolítica ou lipolítica estavam modulados negativamente nos macrófagos reprogramados. Em conclusão, o protocolo de RM direcionado à produção de insulina por linfócitos B-1 afeta também o metabolismo e o perfil inflamatório dos macrófagos, também presentes na cultura, revelando características de macrófagos M2, mais anti-inflamatório. No entanto, a expressão gênica contrapõe esses achados. A expressão diminuída de Glut-1 corrobora com a menor captação de glicose observada, embora a atividade máxima enzimática sugere aumento da via glicolítica clássica. Os resultados, em qualquer momento avaliado, indicam maior produção de IL-6 por macrófagos reprogramados metabolicamente e provável consumo dessa citocina por linfócitos B-1. Em conjunto, esses resultados auxiliam na compreensão da sinergia entre macrófagos e linfócitos B-1 e reforçam a importância da IL-6 para a sobrevivência do linfócito, fato que auxiliará os estudos que visam o estabelecimento da terapia celular para o controle da DM a partir de linfócitos B-1.
Resumo (EN)
Diabetes mellitus (DM) is a chronic metabolic disease responsible for millions of deaths annually and, despite the existence of treatment, there is still no cure, encouraging several studies, especially in the field of cell therapies. After discovering that B-1 lymphocytes are capable of producing insulin and regulating blood glucose levels in diabetic mice, our research group has been seeking ways to enable cell therapy using these cells. Among the challenges encountered is the need to co-culture B-1 lymphocytes with macrophages for their survival. Initially, studies demonstrated that IL-6 was responsible for this dependence, but we observed greater survival of B-1 lymphocytes subjected to the metabolic reprogramming (MR) protocol for differentiation into insulin-producing cells, but still dependent on the presence of macrophages. Thus, in the present study we aim to understand the influence of the MR protocol on cytokine production and glucose metabolism by macrophages in adherent peritoneal cell cultures. For this purpose, the adherent portion of cells from peritoneal lavage was cultured, and the cultures were requested for MR, by cultivating cells in crotoxin, high concentrations of glucose and nicotinamide supplemented medium. Afterwards, the macrophages were evaluated to glucose uptake and metabolism, also glucose metabolism and cytokine production genes expression and to cytokines amount into the culture supernatant. The results revealed in the early culture, when the cells were treated with glucose and crotoxin, an increase in the cytokines IL-12 and IFN-γ but also IL-10 were observed over 72 hours. Compared to the control, the levels of TNF-α, MCP-1 and IL-6 were decreased. On day 6th, without crotoxin and with nicotinamide and High Glucose 30 mM, decreased levels of IL-6 and TNF-α were also noticed. Relative gene expression demonstrated approximately 3 times more expression of IL-6 gene in the MR group than in the control group. There was no difference in the expression of the cytokine production signaling pathway genes MyD88 and NFκB. The tendency for increased IL-6 gene expression associated with decreased levels of this cytokine in cultures led us to investigate the expression of genes associated with the consumption of this cytokine in B-1 lymphocytes. In the MR group there was a tendency for increased expression of the IL-6 receptor and STAT3. Also, there was an increase in the viability and decrease in apoptosis in macrophages present in the co-culture when subjected to MR. Although glucose uptake was decreased, as well as the expression of Glut-1, the maximum activity of enzymes associated with glycolysis increased after the MR, while a tendency for decreased enzymatic activity associated with the pentose pathway was observed. Furthermore, all genes evaluated associated with the glycolytic or lipolytic pathway had modulated levels in reprogrammed macrophages. In conclusion, the MR protocol targeting insulin production by B-1 lymphocytes also affects the metabolism and inflammatory profile of macrophages, also present in the culture, revealing characteristics of M2 macrophages, which are more anti-inflammatory. However, gene expression contradicts these findings. The decreased expression of Glut-1 corroborates the lower glucose uptake observed, although the maximum enzymatic activity suggests an increase in the classical glycolytic pathway. The results, at any time evaluated, indicate greater production of IL-6 by metabolically reprogrammed macrophages and probable consumption of this cytokine by B-1 lymphocytes. Together, these results help to understand the synergy between macrophages and B-1 lymphocytes and reinforce the importance of IL-6 for lymphocyte survival, a fact that will support studies aiming at establishing cell therapy to control DM using B-1 lymphocytes.
Tipo
Dissertação
Palavras-chave
Metabolismo; Linfócitos B-1; Macrófagos; Citocinas; Sinergia.
Área de Concentração
Patologia Ambiental e Experimental
Linha de Pesquisa
Patologia Integrada e Translacional
Instituição
Universidade Paulista
Direito de Acesso
Acesso Aberto
Financiamento
CAPES - PROSUP