Relação entre parâmetros histológicos, índice proliferativo e a expressão de vimentina e fascina-1 em papilomas e carcinomas espinocelulares em cães

Resumo

A oncologia veterinária é uma especialidade em expansão, associada ao aumento da sobrevida dos animais de companhia e a casuística crescente de neoplasias nessas espécies. As neoplasias epiteliais compõem uma fração importante dessas condições, demandando uma maior compreensão de seu comportamento biológico. Neste estudo foram investigadas em amostras de papilomas e carcinomas espinocelulares (CECs) de cães, o índice proliferativo (imunomarcação para o Ki-67) e a transição epitelial-mesenquimal (TEM), com o emprego da vimentina e fascina-1, comparando-se os achados com a classificação e graduação histopatológicas. A TEM envolve uma série de eventos capacitantes para a invasão e disseminação neoplásica, diretamente relacionados ao destino do animal. A vimentina vem sendo utilizada como marcador da TEM em diversos estudos, demonstrando participação em funções críticas como migração e sinalização celular, com expressão particularmente evidente em áreas limítrofes de crescimento tumoral. Já a expressão de fascina-1 é associada a ganho de motilidade e modulação da rigidez da matriz extracelular, apresentando, em neoplasias humanas, correlação com a redução do tempo de sobrevida, invasão local e incremento metastático. Estudos sobre sua expressão em neoplasias caninas são escassos. Em nosso estudo foram avaliados 5 papilomas e 10 CECs. O índice proliferativo foi superior nas lesões malignas (>30%). A expressão de vimentina ocorreu em uma das amostras de papiloma e em todos os carcinomas, e nestes em células neoplásicas invasoras, em blocos ou isoladamente. A expressão de vimentina ocorreu apenas nos carcinomas, e nestes em células neoplásicas invasoras, em blocos ou isoladamente. A expressão de fascina-1 foi identificada em lesões benignas e malignas, porém com maior intensidade de marcação nas últimas. Houve um paralelismo entre elevado grau histopatológico, maior índice proliferativo e expressão de vimentina e de fascina-1 nas células neoplásicas, indicando que a TEM está relacionada a indicadores de malignidade. Tais achados sinalizam para necessidade do aumento da casuística e a investigação da relação entre esses marcadores e recorrência tumoral, produção de metástases e tempo de sobrevida, avaliando seu potencial como indicadores prognósticos e alvos terapêuticos.