Pesquisa de Escherichia coli patogênica em micos-leões-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) Kuhl, 1820, de vida livre, durante programa de translocação no Brasil
Anexos
Informações
Título
Pesquisa de Escherichia coli patogênica em micos-leões-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) Kuhl, 1820, de vida livre, durante programa de translocação no Brasil
Autor(es)
Renata de Oliveira Iovine
Orientador(es)
Selene Dall´Acqua Coutinho
Data de Defesa
25/11/2016
Resumo
Uma importante ferramenta utilizada para conservação das espécies ameaçadas de extinção é a translocação dos animais selvagens de volta ao seu habitat natural. Para isso, se faz necessário uma completa avaliação da saúde dos indivíduos, com especial enfoque para patógenos zoonóticos. A presença de resistência a antimicrobianos em Escherichia coli com potencial patogênico e/ou zoonótico pode ser utilizada como indicador de contaminação ambiental e/ou atividade antropogênica. Foi estudada a presença de E. coli patogênica em micos-leões-da-cara-dourada - MLCD (Leontopithecus chrysomelas) de vida livre, durante programa de translocação destes animais para o sul da Bahia, seu habitat original, uma vez que esta espécie é exótica e invasora do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Niterói, RJ). Foram coletados swabs retais de 330 MLCD de 63 diferentes agrupamentos familiares, pesquisando-se marcadores de virulência para cepas diarreiogênicas (genes eae, bfpA, stx1 e stx2) e extraintestinais (genes sfa, papC, papEF, hly, cnf1, iucD, fyuA, traT, cvaC e malX). Determinou-se, ainda, o grupo filogenético (A, B1, B2 e D) e a resistência a antimicrobianos (beta-lactâmicos, quinolonas, cloranfenicol, clotrimazol (sulfametoxazol+trimetoprim), aminoglicosídeos e tetraciclina). Os 63 agrupamentos familiares foram classificados de acordo com a proximidade à população humana: Sítio – 121 indivíduos que viviam em áreas sem interação com o homem, Urbano – 110 indivíduos que ocupavam áreas urbanas, mantendo pouco contato com pessoas e/ou animais domésticos e Outros – 99 indivíduos que interagiam com as pessoas e/ou animais domésticos. De um total de 311 cepas de E. coli isoladas, 82 foram provenientes de 67 MLCD do grupo Outros (67,7%, 67/99), 115 de 95 indivíduos do grupo Urbano (86,4%, 95/110) e 114 de 98 indivíduos do grupo Sítio (81,0%, 98/121). Em relação aos fatores de virulência pesquisados, 40,8% (127/311) das cepas apresentaram o gene eae e, analisando-se os resultados referentes às ExPEC, constatou-se que um total de 50,8% (158/311) das cepas apresentaram pelo menos um gene preditor de fator de virulência, 23,2% (72/311) dois genes, sendo os genes fyuA e traT verificados em maior percentual, 30,5% (95/311) e 25,7% (80/311), respectivamente. As cepas do grupo Outros se distribuíram igualmente entre os quatro grupos filogenéticos. No Urbano, as cepas pertenceram em maior percentual ao grupo filogenético A (50,4% - 58/115) e no Sítio, aos grupos A (32,5% - 37/114) e B2 (31,6% - 36/114). Comparando-se a resistência apresentada pelas cepas de E. coli nos três grupos, se constatou, de forma geral, níveis similares de resistência aos antimicrobianos, verificando-se elevada porcentagem de cepas resistentes aos beta-lactâmicos, 43,9%, 33,0% e 39,0%, respectivamente nos grupos Sítio, Urbano e Outros. Multirresistência ocorreu em 4,5% (14/311) das cepas analisadas. Os resultados obtidos demonstram a necessidade de estudos sanitários durante programas de translocação/realocação de animais selvagens, reforçam que a ação humana parece intensificar a contaminação ambiental com cepas com potencial patogênico e/ou resistentes a antimicrobianos e alertam que o encontro destas cepas não se limita apenas às áreas com maior impacto antropogênico, estando disseminadas mesmo em locais sem ação direta do homem.
Resumo (EN)
The translocation of wild animals back to their natural habitat is a very important tool in the conservation of endangered species. In this regard, a through health evaluation of the translocated specimens, with special emphasis in zoonotic pathogens, is imperative. The presence of antibiotic resistant Escherichia coli with pathogenic and/or zoonotic potential may be used as an indicator of environmental contamination and/or anthropogenic activity. We evaluated the presence of pathogenic E. coli in wild Golden-headed Lion Tamarins – GHLT (Leontopithecus chrysomelas), an invasive exotic species in the Serra da Tiririca State Park in Niterói, Rio de Janeiro state, Brazil, during a translocation program to return these individuals to their original habitat, in southern Bahia state. We collected rectal swabs of 330 GHLT from 63 distinct family groups to evaluate the presence of virulence markers of diarrheogenic (genes eae, bfpA, stx1 and stx2) and extraintestinal strains (genes sfa, papC, papEF, hly, cnf1, iucD, fyuA, traT, cvaC and malX), filogenetic groups (A, B1, B2 e D) and antimicrobial resistance (beta-lactams, quinolones, chloramphenicol, clotrimazol (thrimetoprim + sulfametoxazol), aminoglycosides and tetracycline). Family groups were classified according with their proximity to human populations: “Sítio” – 121 individuals living in areas free of human interaction; “Urbano” – 110 individuals living in urban areas, with little contact with humans and/or domestic animals; and “Outros” – 99 individuals that interacted with people and/or domestic animals. From a total of 311 isolated E. coli strains, 82 belonged to 67 GHLT from group "Outros" (67,7%, 67/99), 115 from 95 individuals from group "Urbano" (86,4%, 95/110) and 114 from 98 individuals from group "Sítio" (81,0%, 98/121). The eae gene, a virulence factor, was detected in 40,8% (127/311) of the strains. At least one virulence factor gene was detected in 50,8% (158/311) of the ExPEC strains, and 23,2% (72/311) presented at least two genes - fyuA and traT had the highest detection levels; 30,5% (95/311) and 25,7% (80/311), respectively. Strains from group "Outros" were equally distributed among all phylogenetic groups. Strains from group "Urbano" were mainly from the phylogenetic group A (50,4% - 58/115), and those from group "Sítio" belonged to groups A (32,5% - 37/114) and B2 (31,6% - 36/114). All three groups of E. coli strains presented similar antimicrobial resistance levels and elevated percentage of beta-lactam-resistant strains, respectively, 43,9%, 33,0% and 39,0%, in groups "Sítio", "Urbano" and "Outros". Multidrug resistance was detected in 4,5% (14/311) of the evaluated samples. Our results indicate the need to perform sanitary studies during wildlife translocation/relocation programs. Anthropogenic activities may intensify environmental contamination by potentially pathogenic and/or antimicrobial resistant strains, not only limited to areas with increased anthropogenic activity, but also in places free of direct human contact.
Tipo
Tese
Palavras-chave
Escherichia coli, Leontopithecus chrysomelas, EPEC típica e atípica, ExPEC, Resistência Antimicrobiana
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq
Clininfec - Clínica e doenças infecciosas veterinárias
Instituição
UNIP
Direito de Acesso
Acesso Aberto