Efeitos do isoterápico na intoxicação de Artemia salina com cloreto de mercúrio
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Informações
Título
Efeitos do isoterápico na intoxicação de Artemia salina com cloreto de mercúrio
Autor(es)
Andreia Adelaide Gordinho Pinto
Orientador(es)
Leoni Villano Bonamin
Data de Defesa
04/02/2020
Resumo
Introdução: Artemia salina (camarão de salmoura) é um microcrustáceo aquático utilizado para testes de ecotoxicidade. Isoterápicos (ou preparações homeopáticas feitas a partir do mesmo agente causador da doença) são comumente usados na clínica como recurso para atenuação de sintomas de intoxicações, contudo, pouco se sabe sobre seus efeitos em animais aquáticos. Dado que a poluição marinha é um dos problemas mais importantes deste século, a busca de soluções para reduzir seu impacto sobre sistemas vivos é tema de alto interesse. Nesse trabalho, a Artemia salina e o cloreto de mercúrio foram utilizados como modelo experimental para o estudo dos possíveis efeitos protetores do isoterápico de cloreto de mercúrio na intoxicação de animais aquáticos pelo mesmo sal. Objetivo: a) avaliar possíveis efeitos atenuadores da toxicidade ao cloreto de mercúrio pelos isoterápicos; b) avaliar a presença de mercúrio solúvel e insolúvel na água; c) avaliar possíveis interferências das fases da lua nos efeitos do tratamento sobre a eclosão de cistos, dado que a Artemia salina é um animal marinho e sujeito a tais oscilações. Métodos: Os isoterápicos (Mercurius corrosivus) foram preparados em água pura estéril, a partir de matrizes de cloreto de mercúrio homeopáticas, preparadas previamente em farmácia homeopática credenciada na ANVISA. Os tratamentos foram feitos em cego. Placas de cultura de 96 poços foram utilizadas para promover a eclosão de cistos de Artemia salina em água do mar artificial de maneira controlada. Cistos expostos a cloreto de mercúrio 39 µg/mL (concentração letal 10%) foram tratados durante 48 horas com as seguintes diluições (potências) de Mercurius corrosivus: 6 cH, 30 cH, 200 cH, para observação da taxa de eclosão. Os controles foram: cistos não desafiados, cistos desafiados e tratados com água pura, água pura sucussionada ou Ethilicum 1cH (veículo). Quatro séries de nove experimentos foram realizadas, sendo cada série executada em uma fase distinta da lua para averiguação de possíveis resultados falso-positivos. Fotomicrografias e vídeos de 13 segundos foram capturados de cada poço, após 24 e 48 horas, sendo os vídeos analisados pelo software Image J, plug-in Trackmate para quantificação da mobilidade dos náuplios nascidos. O número de náuplios e de cistos não eclodidos foi computado para o cálculo da taxa de eclosão. Análises físico-químicas (CV/AAS) e microscópicas (MEV / EDS) da água também foram feitas, para quantificação de mercúrio solúvel e precipitado, respectivamente. Os dados foram analisados por ANOVA de múltiplas vias seguida de Tukey, sendo p≤0,05. Resultados e conclusões: A fase da lua tem influência na velocidade da eclosão dos cistos, sendo esta mais precoce nas luas minguante e cheia. Embora os efeitos dos tratamentos tenham sido mais evidentes na lua cheia, não houve interação estatística entre fases da lua e tratamentos. Atraso significante (p<0,05) na eclosão dos cistos foi observado após tratamento com Mercurius corrosivus 30 cH, em relação aos controles igualmente intoxicados, independentemente da fase da lua, sugerindo melhor adaptação dos cistos ao ambiente hostil. Náuplios nascidos na lua cheia tratados com Mercurius corrosivus 200 cH ou Ethilicum 1cH apresentaram maior mobilidade. Todas as amostras de água colhidas na lua cheia e tratadas com preparações submetidas à agitação (sucussão), incluindo a água sucussionada e o Ethilicum 1cH, mostraram redução na concentração de mercúrio solúvel sem que houvesse precipitação de mercúrio insolúvel na água ou amostras biológicas, sugerindo ação facilitadora de nano e microbolhas na evaporação de mercúrio volátil. Os efeitos específicos do Mercurius corrosivus ainda necessitam de estudos futuros para esclarecimento de seus mecanismos, mas a deposição de oxigênio e carbono na superfície dos elementos orgânicos e o aumento de cloro nas partículas minerais em suspensão na água sugerem o envolvimento de processos relacionados à troca iônica.
Resumo (EN)
Brine shrimp (brine shrimp) is an aquatic microcrustacean used for ecotoxicity tests. Isotherapeutic homeopathic preparations, made from the causative agent of a certain disease, are commonly used as a clinical resource for attenuation of intoxication symptoms, however, little is known about their effects on aquatic animals. Given that marine pollution is one of the most important problems of this century, finding solutions to reduce its impact on living systems is a matter of high interest. In this work, Artemia salina and mercury chloride were used as an experimental model to study the possible protective effects of isotherapic preparations on poisoning of aquatic animals by the same salt. Objective: a) to evaluate possible attenuating effects of mercury chloride toxicity by isotherapics; (b) evaluate the presence of soluble and insoluble mercury in water; (c) evaluate possible interference of the moon phases on the effects of treatment on cyst eclosion, since Artemia salina is a marine animal and subject to such oscillations. Methods: Isotherapics (Mercurius corrosivus) were prepared in sterile pure water from homeopathic mercury chloride matrices, previously prepared in an ANVISA-accredited homeopathic pharmacy. Treatments were done in blind. 96-well culture plates were used to promote the eclosion of Artemia salina cysts in artificial seawater, in a controlled manner. Cysts exposed to 39 μg/mL mercury chloride (lethal concentration 10%) were treated for 48 hours with the following Mercurius corrosivus dilutions (potencies): 6 cH, 30 cH, 200 cH, for eclosion rate observation. The controls were: non-challenged cysts, challenged cysts treated with pure water, pure stirred water or Ethilicum 1cH (vehicle). Four series of nine experiments were performed, each series being performed in a distinct phase of the moon, to evaluate possible false-positive effects. Photomicrographs and 13 second videos were captured from each well after 24 and 48 hours, and the videos were analyzed by Image J software, Trackmate plug-in to quantify the mobility of born nauplii. The number of nauplii and non-hatched cysts was computed to calculate the eclosion rate. Physicochemical (CV / AAS) and microscopic (SEM / EDS) analyzes of water were also performed to quantify soluble and precipitated mercury, respectively. Data were analyzed by multiple-way ANOVA followed by Tukey, being p≤0.05. Results and conclusions: The moon phase influences the rate of cysts eclosion, which is earlier in the waning (third quarter) and full moons. Although the effects of treatments were more evident in the full moon, there was no statistical interaction between moon phases and treatments. Significant delay (p<0.05) in cyst eclosion was observed after treatment with Mercurius corrosivus 30 cH compared to intoxicated controls, independent of the moon phase, suggesting better cyst adaptation to hostile environment. Nauplii born in the full moon and treated with Mercurius corrosivus 200 cH or Ethilicum 1cH showed increase in their mobility. All water samples taken at full moon and treated with agitated (succussed) preparations, including succussed water and vehicle, showed reduction in soluble mercury concentration without any correspondence with insoluble mercury precipitation in the water, suggesting a facilitating action of nano and microbubbles on volatile mercury evaporation. The specific effects of Mercurius corrosivus still need further studies to clarify its mechanisms, but oxygen and carbon deposition on the surface of organic elements and increased chlorine in mineral particles suspended in water suggest the involvement of ion exchange processes.
Tipo
Dissertação
Palavras-chave
homeopatia, intoxicação, Artemia salina, Mercurius corrosivus, isoterápico, ecotoxicologia
Instituição
UNIP
Direito de Acesso
Acesso Aberto