O Dilema das Redes: uma análise da ficção e da não ficção a partir do capitalismo de vigilância e da economia psíquica dos algoritmos

Resumo

O presente trabalho analisou o documentário O Dilema das Redes (2020), de Jeff Orlowski, disponibilizado no Brasill em 2020, pela plataforma digital de streaming Netflix. O objetivo da análise fílmica foi perceber como a obra aborda as plataformas, suas características e efeitos, com o intuito de contribuir para o cenário acadêmico, uma vez que a Comunicação, a partir dessas novas tecnologias, tornou-se essencial na estruturação do que se chama capitalismo de vigilância. A hipótese é que o documentário elabore uma narrativa persuasiva para convencer o espectador sobre os efeitos nocivos das redes sociais digitais, pois as narrativas ficcionais e não ficcionais convergem para fortalecer o ponto de vista do filme, não demonstrando como motor principal a promoção da alteridade e a liberdade interpretativa do espectador. A metodologia qualitativa está centrada na análise fílmica (aspectos da entrevista revigorada, segundo Laécio Ricardo Rodrigues; da retórica, a partir de Bill Nichols; do melodrama docudramático, de acordo com Steve Lipking; e outros). Além da revisão bibliográfica dos aspectos fílmicos, também está presente a revisão bibliográfica sobre as tecnologias digitais: capitalismo de vigilância, segundo Shoshana Zuboff; dataficação da vida e plataformização da sociedade, a partir de André Lemos e Carlos D’Andréa; economia psíquica dos algoritmos, por Fernanda Bruno, Anna Bentes e Paulo Faltay. Como resultado, percebemos a presença da persuasão como fio condutor da narrativa do documentário e que essa escolha deixa de fora discussões que apresentariam outros horizontes frente ao entendimento tecnopolítico das plataformas digitais, como por exemplo, a necessidade de regulação e a soberania de dados frente aos próprios alertas dados pelo filme, que considera a ação individual de desligar as notificações e o design ético como soluções.