A permanência da canção francesa no Brasil: Do café-concerto à indústria fonográfica dos anos 1960.

Resumo

Este trabalho pretende provar a presença e a permanência do cancioneiro francês no Brasil ao longo do desenvolvimento da cultura urbana, da indústria fonográfica e da radiofonia no Brasil. Para tanto, lançamos mão de uma bibliografia especializada em música popular produzidas no Brasil, na França e na América Latina, e sobre cada um desses locais específicos. Com isso, traçamos, ainda que sucintamente, como a canção francesa se desenvolveu em seus espaços de origem e absorveu influências estéticas das Américas, bem como circulando por esse continente, mais especificamente, pelo Brasil, em um franco processo de movência e nomadismo (ZUMTHOR, 1997; 2014). Analisamos dados da indústria fonográfica brasileira no eixo urbano Rio-São Paulo, desde os primórdios desse mercado até os anos 1960, enfatizando esta última década, momento em que a indústria fonográfica completou sua implementação no Brasil (DIAS, 2000; MORELLI, 2008); quando havia uma grande variedade de músicas estrangeiras circulando no mercado nacional (VICENTE, 2008) e quando ocorreu um fenômeno de retomada da cultura francófona (ROLLAND, 2005). Concluímos que, a despeito da hegemonia cultural e musical estadunidense, a canção francesa esteve muito presente no consumo brasileiro e conquistou um lugar na memória e na paisagem sonora nacional, criando seus ídolos e hits que são usados até a contemporaneidade em produtos audiovisuais do e no Brasil.