XVII ALAIC - Congresso Latino-Americano de Pesquisa em Comunicação. Narrativas sobre o futuro do trabalho e o imaginário capitalista: uma análise sobre o relatório da Google Workspace. 2024.
Resumo
Segundo Appadurai (2015), o futuro é um fato cultural. O autor desenvolve
essa noção por meio de uma visão antropológica. Em nossa pesquisa, essa
visão cultural do futuro é também discursiva, uma vez que entendemos, por
meio de relatórios corporativos, as projeções sobre o futuro do trabalho como
narrativas marcadas pela ideologia neoliberal e pelos preceitos capitalistas de
organização do mundo. Nessa perspectiva, tratamos do capitalismo em sua
configuração como sociedade, na esteira das teses de Dardot e Laval (2016),
entre outros autores.
Partimos da noção de discurso social de Angenot (2010) para abordar o futuro
do trabalho como algo formulado, imaginado e desenhado em consonância
com a hegemonia do capitalismo contemporâneo. Nesse sentido, o que seria
uma tendência futura do mundo do trabalho, na verdade, expressa como o
sistema capitalista se projeta, por meio de probabilidades que pressupõem a
manutenção de sua hegemonia, por um lado, e por outro adequam as
condições dos trabalhadores ao modo como a produção se organiza para
tempos futuros. A análise discursiva proposta por Angenot possibilita o
entendimento da relação entre ideologia e a sua formulação por meio de
códigos hegemônicos, que são reiterados por diversos agentes que
compartilham dos favorecimentos com a manutenção do status quo.