Logística Reversa de Resíduos Sólidos Urbanos e Eletroeletrônicos – Estudo de Casos Múltiplos de Cooperativas de Materiais Recicláveis da Cidade de Campinas – SP

Resumo

A presente dissertação investiga a aplicação e a efetividade da logística reversa de resíduos sólidos urbanos (RSU) e resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) em cooperativas de materiais recicláveis no município de Campinas – SP. O estudo parte da premissa de que o consumo crescente e a obsolescência programada geram volumes de resíduos que superam a capacidade de tratamento das cooperativas locais, o que resulta em impactos ambientais e sociais significativos. A pesquisa adota como referencial teórico os conceitos de economia circular, de sustentabilidade e de governança em redes e alinha-se diretamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o ODS 12 da Agenda 2030 da ONU.
Por intermédio de metodologia qualitativa e exploratório-descritiva, a pesquisa utiliza um estudo de caso múltiplo em três cooperativas, denominadas Cooperativa Toninho, Cooperativa Reciclar e Cooperativa Unidos da Vitória. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com gestores, complementadas por análise documental e observação direta. A análise comparativa dos dados permitiu avaliar os processos de coleta, triagem, separação e destinação dos resíduos e identificar os Stakeholders envolvidos e os modelos de governança adotados.
Os resultados revelam que, na cidade de Campinas, embora as cooperativas desempenhem um papel essencial na cadeia da logística reversa, sua capacidade de processamento é limitada, pois atende a menos de 4% da demanda total de resíduos gerados no município. As cooperativas operam em rede por meio da associação RECICLAMP, que coordena a coleta seletiva em parceria com o poder público e empresas privadas. A governança é predominantemente colaborativa, baseada em normas e decisões coletivas, mas ainda carece de maior apoio institucional e reconhecimento formal.
A análise das relações entre os Stakeholders evidencia a importância da atuação conjunta entre cooperativas, poder público, empresas recicladoras e sociedade civil para a efetividade da logística reversa. Apesar dos avanços alcançados nos últimos anos, ainda persistem desafios como a ausência de financiamento direto, de infraestrutura precária, de equipamentos de proteção individual (EPIs) e de baixa conscientização da população quanto ao descarte correto dos resíduos.
Conclui-se, assim, que as cooperativas são agentes fundamentais para a sustentabilidade urbana e ambiental; elas promovem inclusão social, geração de renda e economia circular. No entanto, para que possam contribuir de forma mais efetiva com os objetivos da Agenda 2030, é necessário ampliar sua capacidade operacional, fortalecer suas redes de cooperação e implementar políticas públicas mais robustas de apoio à logística reversa.