A GOVERNANÇA COLABORATIVA COMO EIXO INTEGRADOR NA FORMAÇÃO DE REDES LOCAIS: Estudo de casos múltiplos

Resumo

Revisão bibliográfica indica raridade de estudos sobre a governança colaborativa no processo de formação de redes. A literatura aponta um conjunto de variáveis para a formação de redes e coloca a governança como variável que aparece em etapa posterior, seja a colaborativa, ou outra classificação. A raridade pode estar associada à dificuldade de acompanhar uma rede desde o início de sua formação, ou de recuperar historicamente os fatos relevantes. Dessa forma, pouco se conhece sobre a governança colaborativa na formação das redes e sua influência sobre as outras variáveis citadas na literatura. Considerando a importância do tema de formação de redes, as indicações da literatura e os sinais iniciais de casos acompanhados pela pesquisadora, buscaram-se evidências de sustentação da tese de que a formação de uma rede de organizações pode ser explicada a partir da governança colaborativa, presente desde o início e realizando a integração das variáveis presentes. Como teoria de base, utilizam-se os conceitos da abordagem social de redes, políticas públicas de desenvolvimento local e governança colaborativa. Para investigar a tese, realizou-se uma pesquisa qualitativa, descritiva, exploratória, com casos múltiplos. Foram analisados quatro casos de redes em diferentes estágios de formação, utilizando-se os instrumentos de roteiro de entrevistas, o acompanhamento de reuniões e a coleta e a organização de dados de fontes secundárias. Os resultados indicaram a importância da governança colaborativa na formação de redes, em conjunção com a liderança. A presença dos dois fatores nos casos de Juruaia e da cooperativa Cooxupé explica o desenvolvimento da rede. A ausência da liderança e um fraco desenvolvimento da governança colaborativa explica o não desenvolvimento da rede do caso de calçados de Guaxupé. A presença de liderança e a ausência de governança colaborativa explicam o movimento que se iniciou e não continuou no caso dos empresários do negócio de condutores elétricos em Guaxupé. O resultado sustenta a tese da presença da governança colaborativa no início das redes, o que constitui um benefício teórico de avanço do conhecimento sobre as condições de nascimento de redes. Secundariamente, verificou-se a importância da presença da liderança, como fator integrador das variáveis, com a governança colaborativa. Como benefício metodológico, entrega-se um plano detalhado de como fazer pesquisa, colocando-se a governança colaborativa como variável eixo e as associações com as variáveis formadoras de redes locais. O resultado indica que a liderança pode ser colocada no mesmo nível de importância, no desenho da pesquisa. Em termos gerenciais, entrega-se um modelo de pensar e agir na formação e desenvolvimento de redes locais, com os indicadores a serem observados e as possíveis ações. O trabalho abre campo de investigação para estudos comparativos de casos de sucesso e fracasso em redes locais, dada a importância de investigar novos casos para validar essa tese e ajustar a matriz que inclui as variáveis de governança colaborativa e outras citadas como importantes no nascimento de redes.