Cadeia de Valor dos Insetos Comestíveis no Brasil: Ecoinovação para o Futuro da Proteína

Resumo

As projeções da FAO indicam que a produção global de proteínas precisará crescer mais de 60% até 2050 para alimentar uma população estimada em 9 bilhões de pessoas. Nesse cenário, a cadeia de valor dos insetos comestíveis desponta como uma alternativa promissora, integrando soluções sustentáveis para a produção de proteína, com menor uso de terra, água e emissões de gases de efeito estufa. Esta tese tem como objetivo geral analisar a cadeia de valor dos insetos comestíveis no Brasil, investigando seu alinhamento com os princípios de sustentabilidade e ecoinovação por meio do desenvolvimento e avaliação de indicadores de desempenho. No Brasil, a cadeia encontra-se em processo de estruturação, impulsionada por iniciativas empresariais de pequeno porte, principalmente por microempreendedores individuais e microempresas. A produção concentra-se em espécies como Hermetia illucens e Tenebrio molitor, com foco em rações para animais de estimação, peixes e suínos, além de segmentos como fertilizantes. Os produtos são comercializados na forma viva, processada ou desidratada. Apesar de o consumo de insetos não ser proibido pela lei brasileira, a falta de regulamentação específica impossibilita a obtenção de licenças para empresas. Consequentemente, muitas operam de maneira informal ou restringem suas atividades a projetos de pesquisa. A metodologia da pesquisa combinou análise bibliométrica, revisão sistemática, estudo de caso múltiplo com uso de SWOT e Canvas e análise estatística por correlação de Spearman e Análise Fatorial Exploratória – AFE. Como principais achados, a análise dos casos brasileiros revelou gargalos estruturais relacionados ao baixo nível de financiamento, deficiência tecnológica, falta de mão de obra qualificada e desorganização na estrutura de fornecedores. Complementarmente, a análise estatística destacou cinco indicadores com alta centralidade e relevância para o desempenho da cadeia: qualidade das relações com fornecedores, segmentação de mercado, previsão de preços, vantagem competitiva e eficiência na conversão de insumos em produtos finais. Esses fatores apontam a necessidade de maior integração dos elos produtivos e fortalecimento institucional da cadeia.