O estresse pré-natal materno e a organização de circuitos hipotalâmicos e do sistema kisspeptinérgico envolvidos no comportamento sexual da prole masculina
Documento
Informações
Título
O estresse pré-natal materno e a organização de circuitos hipotalâmicos e do sistema kisspeptinérgico envolvidos no comportamento sexual da prole masculina
Autor(es)
Paula da Silva Rodrigues
Orientador(es)
Maria Martha Bernardi
Data de Defesa
09/06/2022
Resumo
Machos e fêmeas apresentam diversas diferenças anatômicas e funcionais no encéfalo que se expressam em dimorfismos sexuais na sua fisiologia e comportamento, incluindo aqueles relacionados à reprodução. Essa diferenciação entre os sexos, inicialmente, é determinada
pelos cromossomos XX e XY, porém a maioria das diferenças no comportamento sexual é estabelecida em regiões hipotalâmicas que tem a sua organização induzida pelo ambiente hormonal de esteroides durante o período perinatal precoce. O estresse perinatal modula a secreção de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). por ativar o hormônio liberador de corticotrofina pelas vias simpato-adrenais. Sendo assim, o estresse é um potente inibidor da geração de pulsos de GnRH, que por sua vez, tem um papel crítico nos processos de organização de regiões hipotalâmicas. Dentre as inúmeras funções, a kisspeptina é um neuropeptídio envolvido com a liberação de GnRH. Apesar da relação com o neuropeptídeo, seu papel na organização encefálica de regiões do hipotálamo ligada ao comportamento sexual permanece desconhecida. Assim, o objetivo central deste trabalho é entender o papel do eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA) e do estresse pré-natal nos circuitos da kisspeptina e na organização de circuitos hipotalâmicos ligados ao comportamento sexual da prole masculina. Para tanto, ratas foram cruzadas, submetidas ou não ao estresse por contenção, do dia 17 ao 20 da gestação. Observou-se nas mães o peso na gestação, desempenho reprodutivo, atividade geral em campo aberto e comportamento maternal. Na prole masculina, investigou-se: I) Desenvolvimento ponderal, físico, de reflexos e motor; II) Atividade geral em campo aberto; III) Comportamento sexual; IV) Expressão gênica do Kiss1r e da proteína kisspeptina no hipotálamo e V) Níveis plasmáticos de hormônios hipofisários e gonadais. Os resultados indicam que o estresse materno por contenção do DG17 ao DG20 não causou prejuízos no desempenho reprodutivo, no comportamento maternal, bem como no desenvolvimento físico e reflexológico da prole. Além disso, os níveis de hormônios hipofisários e gonadais não foram alterados. Por outro lado, facilitou o comportamento sexual da prole masculina adulta, representada pelo aumento do número de ejaculações e diminuição da latência para a primeira monta. Ainda se observou o aumento da expressão gênica do receptor Kiss 1r (Gpr54) no hipotálamo da prole masculina de ratas expostas dos dias pré-natais 17 a 20 e ao estresse por contenção. Várias hipóteses foram levantadas para explicar esses dados.
Resumo (EN)
Males and females exhibit several anatomical and functional differences in the brain that express in sexual dimorphisms in their physiology and behavior, including those
related to reproduction. This sex differences are initially determined by XX and XY chromosomes, but most differences in sexual behavior are stablished by hypothalamic regions that have their organization induced by the hormonal steroid environment during the early perinatal period. Perinatal stress modulates the Gonadotropin-releasing hormone (GnRH) secretion by activating corticotropin-releasing. Thus, stress is a potent inhibitor of GnRH pulse generation, which in turn plays a critical role in the organizing processes of hypothalamic regions. Among the many functions, kisspeptin is a neuropeptide involved with the release of GnRH, but its role in the encephalic organization of regions of the hypothalamus linked to sexual behavior remains unknown. Thus, the central objective of this study is to understand the role of the hypothalamic–pituitary–adrenal axis (HPA) and prenatal stress in the kisspeptin circuits and in the hypothalamic organization of the brain. To this end, rats were matched and submitted or not to restraint stress from day 17 to 20 of gestation. Dams were observed for gestation weight, reproductive performance, general activity in the open field, and maternal behavior. In the male offspring were investigated: I) ponderal, physical, reflex and motor development; II) general open field activity; III) Sexual behavior; IV) gene expression of Kiss1r and kisspeptin protein in the hypothalamic arcuate nucleus (ARC) and anteroventral periventricular nucleus (AVPV) and VI) Plasma levels of pituitary and gonadal hormones. The results indicate that maternal restraint stress from DG17 to DG20, caused no impairment in reproductive performance, maternal behavior, as well as physical and reflexological development of the offspring. Furthermore, pituitary and gonadal hormone levels were not altered. On the other hand, it facilitated the sexual behavior of the adult male offspring represented by the increased number of ejaculations and decreased latency for the first mount. We also observed increased Kiss 1r receptor gene expression (Gpr54) in the hypothalamus of the male offspring of rats exposed from prenatal days 17 to 20 to restraint stress. Several hypotheses were proposed to explain these results.
Tipo
Tese
Palavras-chave
Estresse; Núcleos sexualmente dimórficos; Ocitocina; Comportamento sexual; Reprodução.
Área de Concentração
Patologia Ambiental e Experimental
Linha de Pesquisa
Patologia Integrada e Translacional
Instituição
Universidade Paulista
Direito de Acesso
Acesso Aberto