Resumo (PT)
Introdução: Plaquetas e endotélio de vasos interagem em direção da homeostase circulatória durante processos inflamatórios, contudo, efeitos paradoxais podem ocorrer em função do balanço entre mediadores anti e prótrombóticos. A administração de uma única e alta dose de Aspirina pode ocasionar a formação de trombos arteriais em oito a dez dias. Tem-se observado que Aspirina ultradiluída também promove trombogênese após uma hora de administração, porém não é sabido se ambos os casos envolvem a mesma via regulatória. Os efeitos antitrombóticos de altas doses podem ser revertidos pela ação protrombótica da Aspirina ultradiluída. Para compreender os mecanismos envolvidos nessa regulação, postula-se que a Aspirina ultradiluída tenha seu mecanismo de ação relacionado a efeito rebote envolvendo COX-2 e células inflamatórias, como macrófagos. Objetivo: Estudar os efeitos da Aspirina 15 cH sobre macrófagos ativados ou não por LPS, um ativador de COX-2. Métodos: Água, água sucussionada e Aspirina 200 µg/ml foram usadas como controle. A atividade macrofágica foi estudada mediante avaliação de espraiamento; dosagens de óxido nítrico, peróxidos, citocinas, quimiocinas; expressão de receptores TLR4, viabilidade celular e produção intracelular de espécies reativas de oxigênio. Resultados: O tratamento das células com Aspirina 15 cH levou ao aumento no spreading e produção de H2O2 com a mesma magnitude do LPS, mas anulou seu efeito quando administrados ambos conjuntamente. A Aspirina 200 µg/ml produziu efeito anti-inflamatório clássico em todos os parâmetros analisados, revertendo os efeitos do LPS. A água sucussionada per se mostrou efeitos pró-inflamatórios independente do LPS, como aumento de spreading e redução de IL 10; ação regulatória sobre a produção de TNF e H2O2 e aumento na atividade oxidativa celular, com efeito paradoxal após estímulo com LPS. O tratamento com Aspirina 15 cH não alterou a atividade oxidativa intracelular, mas água sucussionada elevou o número absoluto de células que expressam essa atividade. A expressão de TLR-4, por sua vez, foi significativamente maior nos grupos tratados com LPS, independentemente dos co-tratamentos. Conclusão: O efeito paradoxal da Aspirina 15 cH observado in vivo foi reproduzido neste modelo in vitro. A Aspirina 15 cH isoladamente ou em associação com LPS produz efeitos antagônicos, com reversão de efeitos sobre spreading e produção de H2O2. Especula-se que sua ação seja sobre as proteínas dos microtúbulos, favorecendo o spreading. A Aspirina 200 µg/ml produz efeitos anti-inflamatórios clássicos e a água sucussionada produz efeitos pró-inflamatórios e regulação de TNF e H2O2 após o estímulo com LPS.