Resumo (PT)
O objetivo desta pesquisa é compreender as estratégias discursivas construídas pela revista Veja durante as eleições presidenciais de 2018 que trouxe à tona um candidato de extrema-direita, Jair Messias Bolsonaro, cujas posições autoritárias remetiam aos anos do Regime Militar (1964-1985), vivenciados no Brasil no mesmo período em que a revista foi fundada. Considerando-se que desde 2013 criou-se forte polarização entre os partidos de esquerda e os de direita, procuramos verificar de que maneira e sob quais aspectos a revista Veja contribuiu na disputa entre a esquerda, representada por Luiz Inácio Lula da Silva e, posteriormente, assumida por Fernando Haddad; e Jair Messias Bolsonaro, representando a direita. Formadora de opinião para seu público leitor, composto majoritariamente por homens e mulheres da classe média, a revista Veja é uma publicação semanal da Editora Abril e considera-se a maior revista do Brasil, com 556 mil exemplares em circulação nos formatos impresso e digital. Sendo assim, foram selecionadas algumas capas e cartas ao leitor publicadas entre 15 de agosto a 31 de outubro de 2018, além da “edição documento” veiculada um dia após a eleição presidencial, a fim de analisar a posição da revista em relação à escolha do candidato vencedor. A partir dos estudos de Mikhail Bakhtin, teórico da Análise do Discurso, e dos conceitos de carnavalização e dialogismo, entre outros pudemos concluir ao final das análises das capas e das cartas ao leitor que a revista Veja, apesar de afirmar-se democrática, não se apresentou imparcial durante o período eleitoral, apoiando mais as posições partidárias identificadas à direita.