Resumo (PT)
A tecnologia impactou diferentes áreas do conhecimento modificando costumes e práticas consolidadas na sociedade. Neste contexto, o atendimento médico passa a requerer instrumentos mais avançados de telecomunicação para atender os pacientes. Porém, introduzir demandas por inovação às vezes trata-se de um processo complexo, que pode impactar as regras instituídas. Considerando este argumento, o presente projeto visa investigar os fatores que dificultam a adoção da teleconsulta como um instrumento complementar à prática da medicina em um momento marcado pelo uso das tecnologias, baseando-se na concepção de lógicas institucionais. O conceito de lógicas explica como indivíduos e organizações se comportam diante de diferentes orientações impostas pelas instituições, inclusive no que se refere aos aspectos tecnológicos. O presente estudo utiliza uma abordagem qualitativa e descritiva para a primeira fase da pesquisa fazendo uso de pesquisa documental, e explicativa, para a segunda fase, por meio de entrevistas com atores relevantes envolvidos com a questão, visando identificar e analisar os fatores que implicam a institucionalização da teleconsulta. Os resultados mostram que o exame físico, a formação médica, a ausência de regulamentação e diretrizes curriculares das universidades sobre o conceito de telemedicina são os fatores que mais impactam a complementariedade da teleconsulta à prática médica tradicional. Com isso, para instituir uma nova prática no campo da saúde é necessário que novas diretrizes do estado sejam implementadas para facilitar a institucionalização da nova prática. Portanto, a pesquisa mostra, conforme a literatura, que diferentes lógicas influenciam as profissões médicas na rede de saúde e que dificultam este processo. Para estudos futuros sugere-se pesquisas que busquem analisar se as implicações de lógicas encontradas no presente estudo permanecerão, pós-regulamentação da teleconsulta, entre outros, aspectos a serem explorados, pois é um campo incipiente de investigação.